Trailer de Coriolano
Uma obra de Shakespeare pouco considerada. Um protagonista arrogante e nada carismático perante ao espectador. Misture tudo numa adaptação dos idos do Império Romano para os dias atuais. Ralph Fiennes, em sua estréia na direção, optou por um projeto arriscado e desafiador. Coriolanus, entretanto, prova que ele possui muito mais do que apenas o talento (aqui mais uma vez comprovado!) para atuar.
A película se baseia numa tragédia shakesperiana que conta a história de Caius Martius (Ralph Fiennes), um general romano orgulhoso e arrogante, que conquista a alcunha de Coriolanus após a tomada da cidade de Corioli dos volscos, inimigos de Roma. Entretanto, odiado pelo povo, é banido de Roma e se alia ao rei inimigo, Aufidius (Gerard Butler), para despejar sua vingança sobre os romanos.
Apesar da distância temporal entre os cenários original e o do filme, a fusão foi muito bem conduzida. Não apenas isso; a fusão entre o teatro e o cinema é mais transparente e, de fato, uma conquista. Coriolanus é um filme onde as emoções estão sempre na flor da pele. Cada diálogo é apaixonado; cada discurso é inflamado. A opção por manter os diálogos e citações originais acompanha este sentido. Apesar de por vezes destoar um pouco, ao meu ver, foi uma decisão sábia. Como fã de Shakespeare, foi realmente fascinante assistir a uma ambientação atual com sua rebuscada e poética linguagem. Especialmente as cenas bélicas.
Mas o destaque do filme são mesmo as atuações. Fiennes nos desperta asco e admiração com sua personagem odiosa, idealista, arrogante e orgulhosa. Entretanto, consegue protagonizar a película com maestria. Vanessa Redgrave, como a mãe de Coriolanus, literalmente dá um show de interpretação durante todo o tempo em que aparece em cena. O seu discurso final ao filho é um espetáculo. Butler também se sai bem (apesar de ofuscado por Fiennes e Redgrave).
De fato, Coriolanus é um filme sobre orgulho, arrogância, ódio e vingança. Sentimentos considerados vis, que são postos sobre a perspectiva principal do protagonista e apresentados ao telespectador, às vezes, em pele de injustiça e lealdade. Talvez por isso e pela falta de simpatia de sua personagem principal, não seja considerada uma das maiores obras-primas de Shakespeare. Apesar disso, Fiennes tira de letra este desafio, confortável, em uma marcha triunfal por trás das câmeras.
Daniel Lima
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