domingo, 10 de junho de 2012

[CRÍTICA] John Carter - Entre Dois Mundos (John Carter, 2012)


Trailer de John Carter - Entre Dois Mundos

Desde o alarde que Pirates Of The Caribbean: The Curse Of The Black Pearl (Piratas Do Caribe – A Maldição Do Pérola Negra, 2003) causou nos cofres hollywoodianos, a Walt Disney Pictures está flertando com o combinado entre ficção-fantasia, em busca da oportunidade de copiar uma das mais bem sucedidas trilogias (em bilheterias) de todos os tempos. The Chronicles Of Narnia: The Lion, The Witch And The Wardrobe (As Crônicas de Nárnia: O Leão, A Feiticeira E O Guarda-roupa, 2005), Prince Of Persia: The Sands Of Time (Príncipe Da Pérsia – As Areias Do Tempo, 2010) e The Sorcerer’s Apprentice (O Aprendiz De Feiticeiro, 2010) foram exemplos óbvios destas tentativas, mas que (apesar de algumas continuações insistentes) fracassaram. Até Tron (Tron – Uma Odisséia Eletrônica, 1982), seu clássico oitentista sofreu uma (pífia!) tentativa de reboot, tamanha é a sede disneyana de conseguir uma nova franquia rentável como os caribenhos foras-da-lei. Enfim, John Carter é mais uma de suas tentativas. Uma cara e inexplicavelmente ruim tentativa.

Baseado na personagem criada por Edgar Rice Burroughs (mais famoso como o criador de Tarzan), em 1912, o filme conta a história de John Carter (Taylor Kitsch), veterano da Guerra Civil Americana que é misteriosamente transportado para Marte. Agora, ele deve adaptar-se ao novo planeta, enquanto tenta sobreviver a uma tribo de bárbaros (os tharks) e salvar Dejah (Lynn Collins), a princesa de uma cidade prestes a ser massacrada.

O roteiro é fraco, com coincidências demais e repleto de clichês. Há a cena da arena de Star Wars: Episode II – The Attack Of The Clones (Star Wars: Episódio II – Ataque Dos Clones, 2002), com mais e melhores efeitos (mas muito, muito menos criativa!), a ambientação de Dune (Duna, 1984), o figurino mix de Spartacus (Spartacus, 1960) e Barbarella (Barbarella, 1968), o romance batido entre mocinha e herói, que mesmo assim funcionou tão bem em Avatar (Avatar, 2009), etc.  Como se pode ver, várias referências foram citadas até agora. E nada, absolutamente nada disso funciona em John Carter.

Porém, o maior ponto fraco da película é mesmo John Carter. O protagonista é mal apresentado e pobremente construído. A “bravura” que se tenta mostrar no início é risível e Carter se comporta mais como um cachorro estúpido e irracional que tenta morder a mão de seu dono. O roteiro ainda apresenta algumas tentativas de se redimir e desenvolver a personagem principal, como a bela (e curta!) cena de batalha e de seu passado. No entanto, fica por aí. O protagonista continua tão burro que o final se torna inaceitável. É como se o Conan engendrasse um plano à la Prof. Moriarty. Além disso, não há motivação para o herói; não há carisma para sua liderança; não há explicações razoáveis para nada na trama (além das sacais coincidências). O romance “instantaneamente” brotado entre ele e a princess of Mars é forçado demais para mover uma guerra sozinho.  Nada convence (exceto a raça marciana thark, mas isso é graças aos efeitos visuais). Entretanto, nada disso é culpa de Kitsch, que, com sua inexperiência e falta de talento, não pode fazer muita coisa pra reverter o quadro.

A fotografia e a trilha sonora se salvam. A raça marciana thark é convincente e as cenas de ação bem feitas, porém sem que nada novo seja introduzido. As atuações em geral são fracas, salvando-se apenas Mark Strong, como o vilanesco Matai Shang. É um projeto que parece ter consumido recursos altíssimos com a intenção de se tornar um grande épico, mas, em termos de comparações, está mais para um Waterworld (Waterworld - O Segredo Das Águas, 1995) do século XXI.

Enfim, a primeira “aventura” de Andrew Stanton, consagrado por suas animações Finding Nemo (Procurando Nemo, 2003) e Wall-E (Wall-E, 2008), no terreno dos live-action não poderia ter sido mais desastrosa. Um filme ruim e justamente mal recebido pelo público que só nos deixa a indignação: o que foi feito com tanto dinheiro?

Daniel Lima

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